[Alunos-assis] Divulgação de Evento: A PSICOLOGIA E AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO OESTE DE SÃO PAULO

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Terça Fevereiro 21 09:59:14 BRT 2017



A PSICOLOGIA E AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO OESTE DE SÃO PAULO 


Data: 02 a 03/03/2017 
Horário Inicial: 13h30 
Local: Anfiteatro Antônio Merisse - FCL/Unesp - Assis/SP 


Inscrições: www.inscricoes.fmb.unesp.br/fcl 


A constituição das relações étnico-raciais no Brasil decorre de grandes fluxos migratórios ligados à colonização e ao escravismo no século XVI, a Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX e as grandes guerras no século XX. No final da década de 1940, o horror da Segunda Guerra e do Holocausto e a busca pela compreensão de fenômenos como a intolerância racial e o genocídio intensificaram os estudos sobre relações étnico-raciais. Pesquisas sobre estereótipos, atitudes e caráter nacional entraram, então, na agenda comum das ciências humanas do pós-guerra (Maio, 1999). 
O início da Guerra Fria e dos processos de descolonização de países africanos e asiáticos, nas décadas seguintes, e a persistência do apartheid racial – principalmente nos Estados Unidos e na África do Sul – mantiveram a atualidade do tema. Porém, após as tragédias da Segunda Guerra, assistiu-se a um esforço dos estudiosos, tanto em psicologia com nas demais ciências humanas, para extinguir a ideia de raça, desautorizando seu uso como categoria científica. Buscava-se, então, explicar as diferentes características físicas, psicológicas e intelectuais da população por meio de fatores ambientais (condições sociais, econômicas e educacionais), e não mais pelo pertencimento a diferentes grupos étnico-raciais, em uma tentativa de desconstruir a noção de que determinantes genéticos pudessem causar essas diferenças. 
A raça, entretanto, permanece como um constructo sociológico, efeito de discursos, e que só faz sentido em um determinado contexto histórico, articulado a uma teoria, uma vez que não é possível definir geneticamente diferentes raças humanas. Trata-se, portanto, de uma construção social que remete à origem de um grupo com base na transmissão de traços fisionômicos, transpostos para qualidades morais e intelectuais. Também é um discurso sobre o lugar de onde se veio e, neste caso, remete à etnia – conjunto de indivíduos que histórica ou mitologicamente têm um mesmo ancestral, uma língua em comum, mesma religião e cultura, e compartilham o mesmo território. A cor, por sua vez, categoria mais habitual e naturalizada de todas, é orientada pela própria ideia de raça, ou seja, por um discurso classificatório sobre qualidades, características e essências transmitidas pelo sangue, que também remontam a um ancestral comum (Guimarães, 2003). Destarte, no Brasil, utilizar apenas o termo etnia para designar a população negra – e de descendentes de imigrantes europeus e asiáticos – parece insuficiente, visto que não existe um mesmo ancestral comum, seus ancestrais vieram de vários territórios e se misturaram no país configurando um verdadeiro “caldeirão étnico”. Por outro lado, é o termo raça que melhor expressa as diferenças e desigualdades no Brasil, evidenciando experiências distintas de nascer, viver e morrer, conforme o pertencimento racial da população. Por isso, utilizamos sempre que possível os dois termos juntos: étnico-racial. 
Enquanto ciência a psicologia desde seu início no Brasil interessou-se pelo tema das relações étnico-raciais. Nomes como Raul Briquet, Arthur Ramos, Donald Pierson, Virginia Leone Bicudo, Aniela Ginsberg e Dante Moreira Leite, estão entre os principais estudiosos das relações étnico-raciais no período de 1930 até 1950, ao mesmo tempo em que são responsáveis pelos primeiros cursos de psicologia social no país (Bonfim, 2004). Com a Ditadura Militar, o tema das relações étnico-raciais se torna questão de segurança nacional e ocorre um período de estagnação na produção de conhecimento, retomado somente após a abertura política. Nas décadas de 1980 e 1990, a investigação do tema ganha novo fôlego na psicologia social com os estudos sobre ideal de branqueamento e branquitude de Neusa Souza Santos, IrayCarone, Maria Aparecida Bento e Edith Pizza (Santos, Schucman, Martins, 2012). 
O tema das relações étnico-raciais é importante para diversas áreas de atuação do psicólogo, por exemplo: é uma demanda para os psicólogos clínicos que precisam lidar com sua própria racialidade, na maioria das vezes com a branquitude (identidade racial das pessoas de cor de pele branca), já que ainda temos uma maioria de psicólogos brancos; dos psicólogos organizacionais, visto que raça é fator importante na decisão de contratação de funcionários; e no acesso aos atendimentos de saúde, uma vez que existem especificidades em saúde para os segmentos da população negra, indígena, amarela e branca no Brasil. No caso dos usuários de serviços de saúde, por exemplo, a sensação de que não se é bem recebido, pode causar uma reação de não buscar mais o serviço. Portanto, combater o racismo está diretamente relacionado a acolhimento e humanização da assistência, temas caros a atuação dos psicólogos. 
A raça-etnia pode ser uma categoria de análise produtiva para a psicologia na compreensão das diferenças e desigualdades, na medida em que é capaz de descrever o poder do racismo e interpelar o poder público, o mercado e a sociedade civil na direção da promoção da igualdade. Contudo, não tem sido dada muita importância a ela e as relações étnico-raciais na formação em psicologia. É escasso o acesso aos estudos clássicos e as discussões atuais da psicologia brasileira sobre o tema, havendo falta de circulação e apropriação desse conhecimento. Este seminário pretende mostrar a contribuição da psicologia abordando os conteúdos: 

• Alteridade, dominação e desigualdades; 
• História da psicologia brasileira na compreensão das diferenças e desigualdades; 
• Marcos regulatórios para atuação de psicólogos(as) no tema das relações étnico-raciais. 
• Intervenção psicossocial para o trabalho sobre relações étnico-raciais com grupos. 

Objetivos 
Ampliar o conhecimento dos participantes do seminário sobre a contribuição da psicologia na compreensão das relações étnico-raciais.
-------------- Próxima Parte ----------
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