[Studio PANaroma at Unesp (Brazil)] New acousmatic piece

Flo Menezes flo em flomenezes.mus.br
Quarta Outubro 12 19:43:28 -03 2022


https://www.youtube.com/watch?v=tljta5gIPJc <https://www.youtube.com/watch?v=tljta5gIPJc>
Binaural version to be heard with headphones

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In English and in Portuguese (see below/veja abaixo):


Perpetui decoris structura

(September 2022; realized at EMS – Elektronmusikstudion, Stockholm)

Acousmatic piece for 16 channels.

10’32”

In September 2022 I worked as Guest Composer at the prestigious EMS (Elektronmusikstudion) in Stockholm, Sweden. It lasted only one week, but the visit resulted in an important experience: in a record in my life, in only 3 days in the studio – from September 20 to 22 – I produced an entire 10'32" acousmatic work for 16 channels, which was premiered in octophonic version the next day, September 23, in my concert at the Black Box Theater of the Fylkingen society.

The material consists of some sounds treated from recordings recently made in Brazil of a few percussion instruments (within a Fapesp-supported Thematic Project, then in full swing in São Paulo), but mainly of sounds elaborated on analog synthesizers, submitted, however, to granular synthesis in Max/MSP, and consequently strongly metamorphosed.

As is well known, this important and traditional European studio, founded in the 1960s, although very well equipped with modern systems, is characterized by the presence of modular analog synthesizers, with a marked presence of Buchla synthesizers. I couldn't miss this opportunity and on September 21st I worked for hours on the Buchla 200 black knob synthesizer, extracting from it about 40 minutes of very interesting sounds, which became even more attractive when subjected to a multifaceted granular synthesis, sometimes in octophony, sometimes in 16 channels, that is, in a shattering of fast sound fragments throughout the listening space.

The experience with the Buchla led me to retrieve sounds I had made on a Moog synthesizer as soon as I arrived in Germany in 1986 to work as a composer at the Studio für elektronische Musik at the Cologne Highschool of Music, founded in 1965 by Herbert Eimert. That was the first Moog synthesizer to arrive in Europe, and I had never used in a piece of my own the sounds I produced with it in those years. Since I carry them with me along with millions of other sounds, I had them on hand!

As EMS technician Henrik Jonsonn had pointed out to me, the principle by which the Buchla synthesizers were designed is opposite to that of the Moog synthesizers: while, in general terms, the sounds produced by the Moog start from relatively complex spectrums and tend to be "simplified" as they are manipulated, the Buchla sounds in general start from relatively simple spectrums that become more and more complex. The EMS advocates the "Buchla cause", but precisely for this reason I rescued the sounds I had made with that Moog and tried to combine both sounds coming from the two analog historical synthesizers in the same context, subjecting them all to the granular synthesis that transforms them radically anyway. As a result, both sound families end up remarkably close, revealing sounds of great beauty, in an oscillation or simultaneity of harmonic and inharmonic sounds.


Spectrum of a sound I made with the Buchla 200 black knob synthesizer

The visit in the days preceding my stay in Sweden to the German city of Aachen, where my younger son Rafael lives with his wife, revealed to me at the top of the Cathedral of that city an inscription that caught my attention for a beautiful expression with 3 Latin words: perpetui decoris structura, that is, of the eternal beauty of the structure or work of eternal beauty.


Inscription on top of Aachen Cathedral, Germany

Speculation and sensibility seem to unite in this phrase, and that is how I used the expression as the title of the new piece, composed in only 3 days of intense work and consisting of 3 parts: almost like an ABA', the first part, although with some sounds from Buchla, has predominantly sounds of percussive instrumental origin; the second, mainly sounds from Moog; and the third and last part, predominantly sounds I made with Buchla in EMS. All 3 parts have their beginning demarcated by sound of the percussion/resonance type, as "signals" of structural demarcation: membrane blows demarcate the first and last parts, while metal blows punctuate the beginning of the middle part.

While the form of Perpetui decoris structura is relatively simple, its synchronic structuring is very complex, because the principle that governs the work is that of polyphony, of layered composition, in a dense polyphonic and at the same time kaleidoscopic weave through which the listener, each time, focuses on aspects that, on repeated listening, will give way to other aspects, other events.

Flo Menezes



Perpetui decoris structura

(Setembro de 2022; realizada no EMS – Elektronmusikstudion, Estocolmo)

Obra acusmática para 16 canais

10'32”


Em setembro de 2022, atuei como Compositor Convidado junto ao prestigioso EMS (Elektronmusikstudion) de Estocolmo, Suécia. Durou apenas uma semana, mas a visita resultou em uma importante experiência: num recorde em minha vida, em apenas em 3 dias de estúdio – de 20 a 22 de setembro – realizei uma obra inteira acusmática, de 10’32”, para 16 canais, que foi estreada em versão octofônica no dia seguinte, 23 de setembro, em meu concerto no Teatro Black Box da sociedade Fylkingen.

O material consiste em alguns sons tratados a partir de gravações recentemente realizadas no Brasil de alguns poucos instrumentos de percussão (dentro de um Projeto Temático com apoio Fapesp, então em pleno curso em São Paulo), mas principalmente de sons elaborados em sintetizadores analógicos, submetidos, entretanto, à síntese granular em Max/MSP, e consequentemente fortemente metamorfoseados.

Como é sabido, esse importante e tradicional estúdio europeu, fundado nos anos 1960, embora muito equipado com modernos sistemas, tem por característica a presença de sintetizadores modulares analógicos, com marcante presença de sintetizadores Buchla. Eu não poderia perder esta oportunidade e no dia 21 de setembro trabalhei por horas no sintetizador Buchla 200 black knob, extraindo dele cerca de 40 minutos de sons interessantíssimos, que se tornaram ainda mais atrativos quando submetidos à síntese granular toda multifacetada ora em octofonia, ora em 16 canais, ou seja, em um estilhaçamento de velozes fragmentos sonoros por todo o espaço de escuta.

O emprego e a experiência com o Buchla levaram-me a resgatar sons que eu havia feito em um sintetizador Moog tão logo cheguei na Alemanha em 1986 para trabalhar como compositor junto ao Studio für elektronische Musik da Escola Superior de Música de Colônia, fundado em 1965 por Herbert Eimert. Aquele havia sido o primeiro sintetizador Moog que chegara na Europa, e eu nunca havia utilizado em uma peça minha os sons que com ele produzi naqueles anos. Como carrego-os comigo junto a milhões de outros sons, tinha-os à mão!

Como me salientara o técnico do EMS, Henrik Jonsonn, o princípio pelo qual foram concebidos os sintetizadores Buchla é oposto ao dos sintetizadores Moog: enquanto, em linhas gerais, os sons produzidos pelo Moog partem de espectros relativamente complexos e tendem a serem “simplificados” conforme são manipulados, os sons do Buchla em geral partem de espectros relativamente simples que se tornam cada vez mais complexos. O EMS advoga pela “causa Buchla”, mas justamente por isso resgatei os sons que eu fizera com aquele Moog e procurei conjuminar ambos os sons provenientes dos dois sintetizadores históricos analógicos em um mesmo contexto, submetendo-os todos à síntese granular que, de toda forma, os transforma radicalmente. Destarte, ambas as famílias sonoras acabam por se aproximar notavelmente, revelando sons de grande beleza, numa oscilação ou simultaneidade de sons harmônicos e inarmônicos.


Espectro de um som que realizei com o sintetizador Buchla 200 black knob

A visita em dias que precederam minha estada na Suécia à cidade alemã de Aachen, onde mora com sua esposa meu filho menor Rafael, revelou-me no alto da Catedral daquela cidade uma inscrição que me chamou a atenção por uma bela expressão com 3 palavras latinas: perpetui decoris structura, ou seja, da eterna beleza da estrutura ou obra de eterna beleza.


Inscrição no alto da Catedral de Aachen, na Alemanha

Especulação e sensibilidade parecem unir-se nesta frase, e é assim que usei a expressão como título da nova peça, composta em únicos 3 dias de intenso trabalho e constituída por 3 partes: quase como num ABA’, a primeira parte, ainda que com alguns sons do Buchla, tem predominantemente sons de origem instrumental percussiva; a segunda, sobretudo sons do Moog; e a terceira e última parte, predominantemente sons que fiz com o Buchla no EMS. Todas as 3 partes têm seu início demarcado por golpes do tipo percussão/ressonância, como “sinais” sonoros de demarcação estrutural: golpe de pele demarcam a primeira e última partes, enquanto que golpes metálicos pontuam o início da parte central.

Enquanto a forma de Perpetui decoris structura revela-se relativamente simples, sua estruturação sincrônica é deveras complexa, pois o princípio que governa a obra é o da polifonia, o da composição por camadas, numa densa trama polifônica e ao mesmo tempo caleidoscópica pela qual o ouvinte, a cada vez, se atém em aspectos que, em uma escuta renovada, cederão espaço da atenção auditiva a outros aspectos, a outros acontecimentos.

Flo Menezes




Studio PANaroma
de Música Eletroacústica da Unesp
Diretor Artístico: Flo Menezes, Professor Titular da Unesp
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Instituto de Artes da UNESP
Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271
c/o Studio PANaroma
Várzea da Barra Funda
01140-070 – São Paulo – SP
Brasil
email: f.menezes em unesp.br <mailto:studio_panaroma em ia.unesp.br>
website: http://flomenezes.mus.br <http://flomenezes.mus.br/>
Fone: ++55/11/3393-8697

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