[Alunos-assis] DIVULGAÇÃO DE EVENTO: LITERATURA, CULTURA E DIVERSIDADE NA OBRA DE MONTEIRO LOBATO
Maria Isabel Coelho de Britto Machado
isabel.britto em unesp.br
Ter Jan 23 10:38:50 -03 2024
Informações e inscrições
LITERATURA, CULTURA E DIVERSIDADE NA OBRA DE MONTEIRO LOBATO
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Por que ainda ler *O Sítio do Picapau Amarelo*? Eis uma pergunta que,
constantemente, brota nas salas de aula e sempre ganha força nos mais
diferentes graus de escolarização: dos jovens iniciantes que, com 10, 12
anos, ingressam no universo das letras, até os leitores mais velhos,
acadêmicos ou efetivos docentes da rede estadual ou municipal de ensino. As
justificativas para a rejeição de tal obra acumulam-se a cada ano: os
livros são enormes, volumosos, mais de cem páginas. Valem-se de poucas
ilustrações, letras miudinhas, nenhum atrativo. Fazem apologia ao racismo.
O vocabulário está distante do leitor contemporâneo.O mais interessante é
que a maior parte dos argumentos emerge daqueles que ainda *não* se
aventuraram pelas histórias de Emília, Pedrinho e Narizinho. Logo, são
afirmações antecipadas que acabam refletindo os *pré-conceitos* do leitor. Mas
o que o *Sítio* tem de tão especial assim? Primeiro, é importante situá-lo
no tempo e no espaço. São histórias publicadas no início da década de 1920,
reunidas, mais tarde, em 1931, no livro *Reinações de Narizinho*. Até
então, as publicações infantis brasileiras eram lançadas a partir de uma
visão “adultocêntrica”, ocupando-se em exaltar, unicamente, valores como a
submissão, a obediência, o recato e os bons modos. Subvertendo essa ordem,
a criança, com o *Sítio*, tem *vez e voz*. Ganham força personagens
infantis que se lançam em expedições fantásticas, alargam seus horizontes
culturais e retornam, para casa, ávidos por novas experiências. Os vilões e
traidores, típicos dos contos de fadas tradicionais, são relegados, aqui, a
segundo plano, tendo em vista que a ficção lobatiana prioriza, a cada
capítulo, a busca pelo conhecimento. Muito antes das teses
“construtivistas” ocuparem o terreno educacional, *O Sítio do Picapau
Amarelo *já enaltecia as experiências desafiadoras, o encontro com o novo e
a autonomia da criança. Desse modo, os conteúdos escolares perdem seu
aspecto “livresco” e tradicional, e são “vivenciados” pelos garotos por
meio de viagens a espaços inusitados onde aprendem Gramática, História ou
Geografia.
Considerando esse painel, o ciclo de palestras *LITERATURA, CULTURA E
DIVERSIDADE NA OBRA DE MONTEIRO LOBATO* é marcado pela meta de conduzir o
público universitário, de LETRAS e HISTÓRIA, à obra de um dos autores mais
polêmicos da literatura brasileira – José Bento Monteiro Lobato – e as
personagens negras que povoam seu mundo ficcional. Nesse sentido, os
diversos espaços formativos – como a universidade - tornam-se, por
conseguinte, palcos para o efetivo debate em torno da versatilidade do
texto lobatiano e das relações étnico-raciais constantemente abordadas.
Nosso objetivo, portanto, não é julgar autor ou obra, mas problematizar as
diversas temáticas sociais e os artifícios estéticos que podem ser
flagrados em sua literatura destinada a leitores em formação.
--
*Maria Isabel Coelho de Britto Machado*
UNESP - Câmpus Assis
STAEPE - Seção Técnica de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão
Tel: (18) 3302-5624
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